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terça-feira, 12 de maio de 2015

SEM CORES, DE TODOS SABORES



Eu canto o negro ferido
A agonia do medo na dor de uma sina
Eu estremeço...
Ouço o ranger dos dentes
É o grito escondido
No orgulho mantido
Eu choro...
No áspero tronco
A solidão do vazio
A falta de compaixão
É a carência de amor,
De amigo.
Eu canto a negra calada
Na noite ruidosa
De uma senzala qualquer.
Eu exalto a eterna paixão
O vulcão das entranhas ardentes
É a negra de altiva fronte
Deleite de feitores
Mãe-de-leite pros senhores
O machado fincado
A cana, o gado, o açoite
A mente fervilhando
Cai o negro trôpego andrajo
Era o negrinho da espinha vergada.
Foi-se...
Não sabe que inda hoje
De sol a sol
De fio a fio
Há negros de muitas cores
Vergando a espinha
Enriquecendo senhores.

E as negras caladas?
Ah...em recantos longínquos
Profanam seus sonhos.
Negras sem cores
Negras de todos sabores,
De todos sabores...


Dirceu Kommers

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